A edição 2021 da Paralimpíada Universitária foi realizada entre sexta-feira (17) e sábado (18) da semana passada e marcou a retomada das competições no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, desde o início da pandemia do novo coronavírus (covid-19). O torneio reuniu 388 atletas de 24 estados e do Distrito Federal, que disputaram pódios em sete modalidades (atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, judô, natação, parabadminton e tênis de mesa), representando 180 instituições de ensino superior do país. A universidade campeã será conhecida até sexta-feira (24).

“Sabemos que a passagem atlética não é muito extensa. Quando o atleta deixar de competir, o que ele será? Essa é uma preocupação. Por isso, temos de capacitá-lo. A Paralimpíada Universitária tem objetivo de incentivar os atletas a continuarem estudando. [O evento] não se restringe à capacitação. O aluno que estiver na especialização, mestrado ou doutorado também pode e deve participar”, afirmou Ramon Pereira, coordenador de Desporto Escolar do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), à Agência Brasil.

O evento costuma reunir atletas que não praticam o paradesporto profissionalmente com outros que são até medalhistas paralímpicos. Não foi diferente agora. No atletismo, Alessandro Rodrigo, da classe F11 (cegos), bicampeão do lançamento de disco nos Jogos de Rio de Janeiro e Tóquio (Japão) e prata no arremesso do peso na capital japonesa, representou a Universidade de Taubaté, do interior paulista, onde cursa Educação Física. Thalita Simplício, futura fisioterapeuta e prata nos 200 e nos 400 metros em Tóquio na classe T11 (cegos), competiu pela Universidade Positivo, de Natal. Na natação, Ana Karolina Soares defendeu o Centro Universitário Sant'Anna (UniSant'Anna). No Japão, a estudante de Educação Física foi bronze no revezamento 4×100 metros livre da classe S14 (deficiência intelectual). Todos fizeram jus ao favoritismo e vencerem suas provas no fim de semana.

A instituição paulistana também foi representada pelo judoca Thiego Marques, que competiu em Tóquio na categoria até 66 quilos. O estudante de Fisioterapia conquistou dois ouros no evento universitário. Já Tayana Medeiros, outra atleta presente na última Paralimpíada, disputou o torneio em uma modalidade diferente. Halterofilista da seleção e quinta colocada da categoria até 86 quilos no Japão, a futura educadora física participou no atletismo, esporte onde iniciou no movimento paralímpico, pelo Veritas, universidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, mesmo com pouco tempo de treino, foi prata no arremesso de peso da classe F56 (cadeirantes).

Em 2019, as nadadoras gêmeas Beatriz e Debora Carneiro (ambas classe S14), medalhistas de bronze em Tóquio, disputaram a Paralimpíada Universitária pela Universidade Cesumar (Unicesumar), de Maringá (PR), onde estudavam Gastronomia. A edição teve participação da tetracampeã paralímpica Adria dos Santos, dona de 13 medalhas nos Jogos. Acostumada a provas de velocidade, Adria competiu nos 1.500 metros da classe T11 (e venceu) e no arremesso de peso da classe F11 (segundo lugar). Ela representou a Sociedade Educacional de Santa Catarina (UniSociesc), de Joinville (SC), como estudante de Educação Física.

“A participação da Adria, mesmo depois de ter deixado as pistas uns dois, três anos antes, foi muito representativa. Ela falou com todo mundo, tirou fotos e tinha orgulho de estar lá”, recordou Pereira.

O evento onde normalmente há a expectativa de se revelar promessas do paradesporto é a Paralimpíada Escolar, cuja edição 2021 será em novembro, também no CT. Segundo o CPB, é a maior competição paralímpica para crianças em idade escolar no mundo. Ainda assim, mesmo a Paralimpíada Universitária pode trazer nomes a serem acompanhados (inclusive a curto/médio prazo). Caso de Marcelly Pedroso, 18 anos, estudante de Educação Física, que estabeleceu os novos recordes brasileiros nos 200 e nos 400 metros na classe T37 (paralisia cerebral), além de também vencer a prova dos 100 metros na categoria.

“A descoberta de talentos, até pela faixa etária, passa a ser um pouco mais distante [na Paralimpíada Universitária]. Mas estamos pensando em organizar um Sul-Americano universitário paralímpico, exatamente para puxarmos os melhores atletas universitários e eles representarem o país. A busca é abraçar o máximo possível de pessoas com deficiência que treinam”, finalizou o coordenador do CPB.

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