Gustavo e Otávio Pandolfo desenham juntos desde os 3 anos de idade. Quando eram crianças, costumavam dividir a mesma folha de papel. Na escola, em 1982, quando tinham 8 anos de idade, contam que tentaram separá-los para que prestassem mais atenção às aulas.
Naquele mesmo ano, houve um concurso de desenho na escola. “A gente fez exatamente o mesmo desenho, separados, em classes separadas. E ganhamos”, conta Otávio. Esse troféu, dos tempos de escola, é um dos quase mil itens da exposição OSGEMEOS: Nossos segredos, que abre as portas hoje (12) no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro.
Em nove salas, os artistas dividem a própria história, fotografias de infância, roupas costuradas pela avó, as principais influências artísticas e afetivas, os processos criativos e importantes obras. É possível ter acesso aos primeiros personagens criados por eles e acompanhar os desenhos seguintes até o estilo atual.
Notícias relacionadas:
Em nove salas, os artistas dividem a própria história, fotografias de infância, roupas costuradas pela avó, as principais influências artísticas e afetivas, os processos criativos e importantes obras. É possível ter acesso aos primeiros personagens criados por eles e acompanhar os desenhos seguintes até o estilo atual.
Caráter lúdico e psicodélico
A exposição tem também um caráter lúdico e psicodélico. “A gente está aqui para abrir o nosso livro para vocês, abrir nosso peito, nossa alma, nosso coração”, diz Gustavo, que faz um convite: “Gostaria de pedir a todos que deixem tudo que tiver do seu exterior fora, e se conecte com o interior de vocês. Que abram o próprio interior e se conectem com o imaginário. Às vezes, a gente se esquece do imaginário. É uma exposição para se conectar com o imaginário e desfrutar.”
A mostra tem curadoria dos próprios artistas e é inspirada na exposição apresentada na Pinacoteca de São Paulo e no Museu Oscar Niemeyer (MON), de Curitiba, entre 2020 e 2022. Alguns elementos, no entanto, são diferentes. A escultura gigante do famoso personagem de pele amarela, que no MON estava sentado, agora está de pé e de braços abertos. Abaixo dele, uma espécie de um templo, com escadarias coloridas. O interior dele conta pela primeira vez com instalação e projeção que podem ser acessadas pelo público.
Outro espaço inédito é um quarto, observado apenas por uma janelinha, onde se vê uma lua deitada na cama. A ideia surgiu uma semana antes da abertura. “Havia um espaço vazio e achamos que tinha que ter um lugar para a lua dormir”, diz Otávio.
Os gêmeos nasceram em 1974, em São Paulo, no bairro do Cambuci, e sempre trabalharam juntos. Têm grande influência da cultura hip hop, cujos campeonatos aconteciam na porta de casa quando eram crianças. Eles têm a rua como lugar de estudo e são mundialmente conhecidos pelos graffitis. Muitas vezes tido como vandalismo, o graffiti acaba sendo apagado pelo poder público. Uma das salas da exposição concentra registros das obras apagadas, que não existem mais nos muros e fachadas das cidades.
Ontem (11), Gustavo e Otávio guiaram a imprensa pelas obras e memórias. Paulo Portella Filho, que implantou e coordenou as atividades do Serviço Educativo da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 1975 e 1987 estava entre os visitantes. Foi neste programa que os gêmeos tiveram contato pela primeira vez com sprays, ainda crianças. Na visita, os irmãos agradeceram Filho, que estava muito emocionado.
“O museu tinha aulas de arte gratuitas e eles foram fazer. Lá, usaram sprays pela primeira vez. Isso mostra a extrema importância da área educativa dos centros de arte, esses lugares podem e devem ousar na perspectiva de educação de arte, da forma mais libertadora que pode ajudar todo mundo a sonhar”, diz Filho.
OSGEMEOS já realizaram inúmeras mostras individuais e coletivas em museus e galerias de diversos países, como Cuba, Chile, Estados Unidos, Itália, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Lituânia e Japão. A tentativa de separá-los, na escola, não funcionou. Eles seguem juntos. “Somos irmãos gêmeos que gostam de desenhar juntos. Ele faz um traço e eu termino, se ele pega a caneta, eu sei o que vai desenhar”, diz Gustavo.
A exposição, que começa hoje (12), pode ser visitada até o dia 23 de janeiro de 2023. O CCBB fica na Rua Primeiro de Maio 66, no Centro do Rio de Janeiro.
A exposição pode ser visitada às segundas e de quarta a sábado, das 9h às 21h e aos domingos, das 9h às 20h. A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados na bilheteria física do CCBB ou no site bb.com.br/cultura. Ingressos agendados por horário terão prioridade na entrada. Já as pessoas com ingressos por turno devem aguardar a orientação de entrada da equipe CCBB.
from Feed Últimas https://ift.tt/UlYqa2e