O relatório anual sobre a prática de exercícios no mundo, divulgado pelo Strava, rede social voltada ao esporte, apontou a caminhada ao ar livre como uma das atividades que mais cresceram do ano passado para cá. O balanço reuniu dados dos mais de 95 milhões de usuários da plataforma e identificou o dobro de registros de caminhadas na comparação de 2021 com 2020.

O aumento chama atenção por superar o impacto de fenômenos climáticos, especialmente nos Estados Unidos, principal mercado do aplicativo. As nevascas que atingiram o Texas em fevereiro e a crise de energia reduziram as atividades ao ar livre no segundo estado mais populoso do país em 57% no período. Durante o verão norte-americano, a onda de calor presenciada no estado do Oregon diminuiu os registros em 23%.

A estatística das caminhadas fica proporcionalmente atrás somente das atividades alternativas de inverno, como os esquis nórdico e fora de pista, que aumentaram 2,5 vezes em relação ao ano passado. Segundo o relatório, houve impacto do fechamento de estações de esqui em boa parte de 2021, que resultou em uma queda de 37% dos registros de esqui alpino e snowboard.

“Com as restrições necessárias por conta da pandemia da covid-19 em vigor e o desejo, talvez mais forte do que nunca, de tirar um tempo para se exercitar durante o dia, vimos a caminhada se tornar mais popular do que nunca em todas as faixas etárias e em todo o mundo”, aponta um trecho do relatório.

No Brasil, terceiro maior mercado do Strava, a caminhada ao ar livre subiu 1,6 vez na comparação com 2020. O relatório apontou que o brasileiro caminha, em média, três horas por semana. A marca é a mesma dos alemães, inferior a de espanhóis (3,7 horas), britânicos (3,5 horas), indianos (3,3 horas) e franceses (3,2 horas), mas superior a australianos (2,7 horas) e norte-americanos (2,5 horas).

“A caminhada ao ar livre vem crescendo nos últimos anos globalmente e com resultado muito expressivo no Brasil, que é um dos mercados que puxa esse número. Há várias hipóteses. Uma delas é ser um esporte de entrada para outros, com pessoas querendo começar a se movimentar e encontrando na caminhada um esporte mais fácil e tranquilo de começar”, analisou a gerente do Strava no Brasil, Rosana Fortes, à Agência Brasil.

“Também temos visto a caminhada como uma forma de se comutar. Muita gente que se mudou para mais perto do trabalho e deixou o carro em casa ou decidiu [caminhar e] não pegar transporte público, com certeza por reflexo da pandemia”, completou Rosana.

Ainda segundo o relatório, quanto mais velhas as pessoas, maior o percentual das caminhadas. Destaque à faixa etária acima de 70 anos, onde 56% dos usuários da rede social registraram as atividades ao ar livre. No Brasil, a estatística foi de 52%. O menor índice no país foi observado entre pessoas de 18 a 29 anos (38%, pouco superior ao balanço global do recorte, que foi de 35%).

“O Strava começou há mais de 10 anos muito focado no ciclismo e o público da bicicleta sempre foi mais velho, seja por conhecimento do aplicativo ou poder aquisitivo. Talvez essa seja a hipótese de termos um número grande de pessoas mais velhas, proporcionalmente [registrando caminhadas]. Por consequência, pessoas que já usam o aplicativo o utilizam [também] para caminhadas”, avaliou a gerente da rede social.

Por aqui, as publicações de caminhadas só cresceram menos que as de natação (1,8 vez), ioga (1,9 vez) e treinos funcionais (2,2 vezes). Para Rosana, as estatísticas também têm a ver com a pandemia. Ela destaca o exemplo da ioga, modalidade cujo registro de atividades também dobrou em nível global, na comparação com 2020.

“O aumento do número de atletas registrando treinos de ioga é um movimento que temos visto em todos os mercados e muito relacionado ao fato de ser indoor, praticado sozinho, talvez com a ajuda de vídeo ou tutoriais. Obviamente, é um esporte que fala de saúde mental, em um momento que todos procuraram o esporte como uma válvula de escape para os impactos da pandemia”, concluiu.

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