O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Rio de Janeiro (Gaeco/RJ) do Ministério Público do Estado (MPRJ) faz hoje (21) uma operação para cumprir três mandados de busca e apreensão. A finalidade é instruir a investigação contra o ex-secretário Raphael Montenegro Hirschfeld e outros dois integrantes da antiga administração da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). A ação conta com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI).

Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão na sede administrativa da Seap, no centro do Rio, na sede do Complexo de Gericinó e no Instituto Penal Vicente Piragibe, visando a obtenção de material que contribua com as investigações.

Vantagem ilícita

Segundo o MPRJ, tudo que for recolhido na ação será incluído no Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que apura se o ex-secretário recebeu vantagem ilícita para autorizar a soltura, no dia 27 de julho deste ano, de Wilton Carlos Rabelo Quintanilha, conhecido como Abelha, um dos chefes de uma facção que atua no estado. Ele estava preso no Complexo Penitenciário de Gericinó. Os mandados foram expedidos pela 42ª Vara Criminal da capital.

O Gaeco argumentou no documento encaminhado à Justiça com o pedido dos mandados, que, ao ser posto em liberdade, em julho, “Abelha possuía contra si um mandado de prisão preventiva expedido pelo III Tribunal do Júri da capital, cujo teor havia sido expressamente comunicado à Seap, 12 dias antes”. Além disso, a informação estava no sistema de Distribuição e Controle de Processos do Tribunal de Justiça desde o dia 14 de julho.

De acordo com o MPRJ, imagens obtidas pela investigação, com autorização da Vara de Execuções Penais, mostraram Abelha caminhando pelas vias públicas próximas ao Complexo de Gericinó, logo após ser posto em liberdade.

Naquele momento, um veículo escoltado por outro carro se aproximou e o ocupante do banco carona dianteiro o cumprimentou. A suspeita é que essa pessoa seria o ex-secretário.

As investigações indicam ainda Raphael, o então subsecretário de Gestão Operacional da Seap, Wellington Nunes da Silva, e o então superintendente da Secretaria, Sandro Farias Gimenes, estiveram na comunidade da Mangueira no dia seguinte à soltura de Abelha, quando foram recebidos pelo próprio criminoso conforme indicam registros fotográficos do encontro.

As apurações apontaram também que habitualmente ele recebia visita da então cúpula da Seap, no Instituto Penal Vicente Piragibe, onde todos permaneciam em horários após o expediente.

Em agosto, o desembargador federal Paulo Espirito Santo, da 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), determinou a prisão temporária, por cinco dias, do secretário de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro, Raphael Montenegro Hirschfield, do subsecretário Wellington Nunes da Silva, e do superintendente operacional, Sandro Farias Gimenes.

A decisão do magistrado foi tomada por meio de representação da Polícia Federal (PF), que cumpriu os mandados de prisão dos três na Operação Simonia, deflagrada no dia 17, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF).

Nos cinco mandados de busca e apreensão, determinados pelo desembargador, os agentes encontraram na casa do secretário cerca de R$ 250 mil, em espécie, sendo R$ 150 mil em moeda nacional e R$ 100 mil em moedas estrangeiras. Foram apreendidos ainda celulares, diversas mídias e documentos.

A então cúpula da Seap foi exonerada pelo governador do Rio, Cláudio Castro. O decreto de exoneração do secretário foi divulgado no dia da prisão, mas com data retroativa à véspera.

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