Neurofeedback é aliado no tratamento da ansiedade e depressão Felipe de Jesus 20 de março de 2020 Notícias, Saúde e Vida A técnica que surgiu no fim da década de 50, hoje é um dos principais tratamentos para melhorar o funcionamento dos padrões cerebrais O cérebro sempre foi um objeto de estudo muito utilizado por especialistas ao longo dos anos. Ele é um órgão vital responsável por comandar pensamentos, memórias, emoções, e administrar todo o funcionamento do nosso corpo e das nossas ações. Entender o seu funcionamento pode ser a chave para tratar diversos problemas que começam dentro da cabeça. O neurofeedback se popularizou nos últimos anos, se tornando em 2013 a primeira alternativa da Associação Americana de Pediatria para tratamento de pacientes com déficit de atenção. Mas a técnica não é tão recente assim. Ela nasceu no fim dos anos 1950 com os doutores Joe Kamiya (Universidade de Chicago) e Barry Sterman (Universidade da Califórnia), onde eles trabalhavam com parâmetros de neurofeedback para auxiliar na melhoria da adaptação do cérebro à atmosfera exterior com astronautas da NASA. Afinal, o que é essa técnica? Ela se trata de uma técnica que treina o cérebro para controlar problemas como ansiedade, estresse, insônia, além do déficit de atenção, ensinando o sistema nervoso central a reorganizar as frequências das ondas cerebrais. O procedimento não é invasivo, e não pode ser considerado uma cura ou um remédio para esses casos. O neurofeedback atua como uma forma de gerenciamento dos padrões do cérebro para um melhor funcionamento. “Os pontos positivos da aplicação dessa técnica são vários, e um dos mais importantes a se levantar é que essa é uma ótima opção para pacientes que não toleram os efeitos colaterais dos medicamentos. O neurofeedback não utiliza desses produtos, e por isso não possui esses efeitos indesejáveis.”, diz Ana Paula Ribeiro Imbuzeiro, especialista em neuropsicologia e neurofeedback. Como ele é feito? São colocados eletrodos no couro cabeludo do paciente para a captação das emissões elétricas dos neurônios. Essas informações são transmitidas por cabos e decodificadas por um software específico para análise cerebral, também conhecido como QEEG brain mapping. O profissional consegue acompanhar o funcionamento do cérebro em tempo real e identificar áreas com superestimulação ou que não estão dentro do padrão de atividade esperado. “As áreas do cérebro de uma pessoa que sofre de ansiedade funcionam três vezes acima do normal. Isso consome os recursos do órgão e acaba resultando em uma diminuição da atenção e do controle das emoções. Essa análise é importante para que o médico possa desenvolver o tratamento adequado baseado em cada caso. Alguns pacientes apresentam resultados satisfatórios com uma quantidade menor de sessões, mas é preciso acompanhar bem de perto para que os efeitos durem por mais tempo”, continua. O que pode ser tratado com o neurofeedback? Já foram citados problemas como ansiedade, estresse, insônia e déficit de atenção, e o neurofeedback é indicado em muitos outros casos. Pacientes com transtorno de estresse pós-traumático, depressão, dificuldade de concentração, de memória ou de aprendizagem, enxaqueca, fibromialgia, hiperatividade, síndrome do pânico e transtornos alimentares também podem recorrer ao tratamento. “É possível também tratar a estafa através do neurofeedback. Esse esgotamento físico e mental está muito relacionado ao estresse, e pode afetar áreas da nossa vida como o sono e o processo de recuperação do corpo que acontece enquanto dormimos. Esse problema cresceu muito nos últimos anos, e em 2020 passou a fazer parte da lista de Classificação Internacional de Doenças da OMS. A técnica é uma saída eficiente para o tratamento desses casos”, continua a psicóloga. O neurofeedback está em constante estudo e atualização, e a sua eficácia para os mais diversos casos o colocou entre as principais opções na hora de tratar problemas de origem psicológica. A saúde do nosso corpo depende do funcionamento correto de todos os órgãos, e a tecnologia é uma importante aliada da medicina para cuidar disso. Fonte: Ana Paula Ribeiro Imbuzeiro, psicologia, especialista em neuropsicologia, neurofeedback. comentários